É da baía que divide os rincões de terra,
de vastos campos e matas,
de segredos e mistérios,
sempre à espera do iluminar do Sol,
que em teus dias esplendor,
de riqueza e opulência,
o povo chamaste de Alcântara,
até então grande casa de Tapuyas.

Nas ruelas estreitas, pessoas a trafegar,
a admirar tuas pedras de lioz e cantaria,
entre paralelepípedos irregulares e lampiões,
palacetes, mirantes, casarios e fontes,
que enfeitam as tuas memórias,
decoram os teus espaços,
ali em teus sobrados, tempos de galardão e glória,
lembranças folheadas em jornais.

É o tempo que nunca se cansa de passar,
alvissareiro, no rodear dos largos,
que nunca há de se esquecer,
das gerações que subiam as tuas ladeiras,
nas carruagens do sinhô e da sinhá,
a fazer tarefas grandes e miúdas,
negros e negras,
debaixo açoites, pontapés, bofetões.

E naquela rua que dá na prainha,
que bela vista, adormecida,
da baía de São Marcos,
dos sobrados com mirante de antes,
virados para o mar,
hoje ruínas de amarguras,
de abandono e esquecimento,
que um dia fora rebento.

Fostes os dias de tua glória,
que o teu povo não esquece,
da coroa que te adornava,
dos navios que aqui atracavam,
para aproveitar das tuas dádivas,
e exaltar das tuas belezas,
primor primeiro,
da porta amazônia.

Por detrás das páginas amareladas,
retratos e fotografias,
relatos de grandes feitos,
de barões e baronesas,
a guiarem na procissão,
no caminho do desterro,
entoando gritos de Viva,
Viva o Divino!