CLAIR DE LUNE

CLAIR DE LUNE

Em um de meus (não raros) momentos de Solitude e introspecção, eu escutava CLAUDE DEBUSSY em sua composição mais conhecida e uma lembrança marcante me veio à memória. Esta composição de 1905 me fez retornar à 2017, quando em Férias, fui ao Estado do Ceará, especificamente em uma singela Pousada em Canoa Quebrada. Foram doze dias memoráveis onde a roupa da alma foi trocada e os bons frutos de um necessário afastamento foram colhidos. Há muito em comum com aquela composição parisiense e o momento que vivi durante aqueles dias, cujo vetor principal foi a luz da Lua.
Em uma sexta-feira, fui convidado a descer as Falésias para um conhecido Luau que habitualmente ocorria em uma conhecida barraca de praia chamada FREEDOM BAR. Este restaurante rústico à beira-mar é conhecido por sua temática jamaicana do Rastafari. Sendo eu um apreciador do estilo musical REGGAE, decidi descer os paredões naturais para matar minha insaciável curiosidade, e o que esperava encontrar não se aproximou sequer perto da experiência que teria, experiencia tal que ficou indelevelmente gravada em minha alma de artista e sonhador.
Ao chegar à barraca, senti toda a vibração do ROOTS REGGAE que ecoava pela potente aparelhagem do estabelecimento. Observei ao redor vários grupos de free people assentados em rodas, apreciando seu HAZE tranquilamente. Observei que a maré estava baixa e distante, então decidi me afastar de tudo e todos, me dirigindo aos limites de onde as suaves ondas quebravam. Ao me afastar, senti como que saindo de um mundo e vagarosamente entrando em outro, um mundo desconhecido e aprazível, um mundo que até então jamais experimentara. Poderia ser talvez interpretado como uma reação residual da inalação acidental do “beck” que enevoava o caminho onde passara, mas creio ser algo muito maior, fruto de uma inspiração profunda e pessoal.
Ao chegar aonde quebravam as ondas, um conjunto de fatores se uniram perfeitamente, uma epifania silenciosa ocorreu diante de meus olhos. A lua estava cheia sobre o mar, sua tênue luz prateada emprestou um tom mágico sobre as ondas e a areia. Olhei para a extensão daquela bela e solitária praia, e me vi só, dentro daquela experiência mística.
O som de ROOTS tocando ao longe, combinado ao luar poderoso refletido no cenário ao redor, me trouxeram uma sensação de doce solidão e ao mesmo tempo de pertencimento a algo muito maior. Eu me senti parte de tudo onde meus olhos repousavam, e queria que aquele momento durasse para sempre.
Por mais que tente, jamais conseguirei exprimir o que experimentei. O que me coube foi utilizar as letras como uma câmera fotográfica, mas por melhor que esta seja, nada poderá jamais substituir o valor daquilo que nossos olhos tocam. Retornei resignado à Pousada onde me hospedara para descansar e absorver a experiência que acabara de ter.
Entendi então aquele momento do renovado Compositor CLAUDE DEBUSSY na sacada de seu apartamento no Centro de Paris em 1905. Em seu momento de extrema solidão a observar a cidade naquela noite à luz da lua. Aquele exato momento em sua vida trouxe um grande presente ao mundo e sua maior obra. Mesmo em minha distante realidade anônima, LE CLAIR DE LUNE me trouxe um grande presente, um dos maiores de minha existência. Uma canção sem acordes, uma poesia sem estrofes, uma sensação perene, gravada no som daquela doce solidão.

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Inspiração

A INSPIRAÇÃO VEIO DE UMA EXPERÍENCIA PESSOAL NAS MESMAS CONDIÇÕES QUE TEVE O COMPOSITOR PARISIENTE CLAUDE DEBUSSY HÁ MAIS DE 100 ANOS.

Sobre a obra

C^RONICA DESCRITIVA, QUASE UM CONTO, COM ALGUMA LINGUAGEM POÉTICA.

Sobre o autor

Desde tenra idade sempre fui muito ligado à arte como um todo. Sou Polímata (poeta, cronista e ensaísta, artista plástico, canto e toco percussão). Ano passado lancei meu primeiro livro de poemas e participei de algumas amostras de artes. Sou um entusiasta do TALENTOS FENAE/APCEF.

Autor(a): PAULO SERGIO SOUZA AZEVEDO (PAULO AZEVEDO)

APCEF/MS


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