Meu processo criativo

Muita gente me pergunta como é que é o meu processo criativo. Essa pergunta sempre me pega de surpresa, por mais que aconteça. Porque como explicar o processo criativo de uma pessoa com TDAH...tem duas coisas que eu lembro, que são: eu não sigo nenhum script, e outra que eu esqueço de tudo. Então de tanto me perguntarem, essa questão ficou me martelando e eu me propus a tentar explicar, até mesmo pra mim, pra eu pensar um pouco em como é que eu faço as coisas. Uma vez uma psicóloga me perguntou o que eu estava sentindo. E várias lembranças passaram na minha mente, não apenas vividas, mas cenas que a gente vê. E eu não conseguia dizer nada, nenhuma palavra me vinha que explicasse o que eu sentia, mas eu via. Senti muita falta da psicologia infantil. Quando criança, a psicóloga me pedia pra desenhar. Aí sim, tava fácil! Outra vez, saí de casa pra ir numa loja de material de construção pra comprar um negocinho, e só me dei conta de que não sabia o nome do negócio até chegar lá e ficar às voltas com o balconista, tentando explicar pra ele com mímica o que eu queria. Sem sucesso em fazer ele entender, eu disse: você quer que eu desenhe? Minha nossa senhora...eu não tinha me dado conta do que eu tinha acabado de fazer. Só quando vi no rosto do rapaz que ele tinha ficado ofendido, que percebi minha "grosseria". Mas realmente não falei a frase da forma popular, eu só pensei que só desenhando eu conseguiria me fazer entender.
E foi lembrando dessas coisas que eu parei pra pensar em como é então o meu processo criativo. As imagens se formam na minha mente, seja quando sinto algo mais forte, seja quando vejo uma cena ou uma imagem que me remete a outras. Não sei se isso tá explicando muito bem não...desenhando me sairia melhor.
Depois que vejo essas imagens que me acometem, eu vou trabalhando elas assim como como fiz o exercício com a psicóloga que me perguntou o que eu sentia. Vou pensando no que sinto e a imagem vai se tornando cada vez mais nítida. A partir daí vou em busca de referências que me auxiliarão na construção da obra. Assim como a bagunça que são meus pensamentos, junto fragmentos de cenas pra tentar montar a que se formou na minha cabeça, e começo a pintura, ou desenho. Depois disso, a arte adquire vida própria, e é ela quem passa a me conduzir. Não só conduzir a contrução dela mesma, como conduz também o que eu tava sentindo e não sabia bem o que era.
Agora, sempre que me perguntarem novamente sobre meu processo criativo, acho que posso resumir, dizendo apenas que é como uma sessão de terapia.

Compartilhe essa obra

Inspiração

O que me motivou a criar esta obra foram as constantes perguntas sobre como é o meu processo criativo. O que me fez parar pra pensar nisso, pois eu mesma não sabia explicar.

Sobre a obra

A obra é uma crônica que fala por si mesma. É uma reflexão sobre como penso o meu processo criativo na pintura.

Sobre o autor

A arte me acompanha durante toda minha vida, desde criança. Experimentei o desenho, a pintura, a modelagem e a escultura. E não parei desde então.
Como uma leitora compulsiva que sou, desta vez, venho me aventurar trazendo uma crônica.

Autor(a): CAMILA GONCALVES DE OLIVEIRA (Camila Oliveira )

APCEF/PB