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Rememorando
Rememorando
Quando comecei a riscar nos papéis pautados da vida, o diagnóstico da minha caminhada terrestre, fui fortuitamente percebendo a enorme quantidade de acertos e erros que cometi nas minhas andanças e, à medida que registrava essas notas, ainda que soltas, recheadas com o molho das minhas emoções, via claramente, como num toque de mágica, aparecerem tantas coisas boas e, também, muitos fatos desconcertantes, que me deixavam perplexo e boquiaberto, de como tantas ações desfilaram na passarela de minha incrível vida com tanta significação.
Com alegria, percebi que muitas pessoas se puseram nesse caminho, com motivos providentes, para me ajudar a dirigir, com firmeza, os meus passos na direção desse terreno desconhecido, mas cheio de aventuras para serem exploradas e, por conseguinte, dar sentido significativo ao meu ciclo existencial.
Com minha pena a deslizar no papel, mesmo a título de rascunho, fui registrando todas as lembranças que emergiam da minha memória. Comecei a desenhar no meu pensamento o croquis do retrato final que culminaria na fantástica construção de uma obra pessoal, contando, para isso, com a possibilidade de uma provável longevidade.
Nessa dinâmica existencial, penso que terei a felicidade de dar de cara com os muros que cerceia a barreira da vida. Sentir o limiar da minha tênue existência na face da terra. Talvez até brindar, levantando uma taça de Champanhe nessa chegada vitoriosa ao ápice da vida.
Creio piamente que esse é o momento mágico, da melhor corrida olímpica que se pode competir, quando a obra prima se dá como concluída e, como tal, despedir-se dela. Como se fosse um castelo de areia que se dissolve no primeiro encontro com as ondas do mar.
O "Ruah" que houvera adentrado nas minhas narinas, com a chancela da vontade de Deus e me permitiu percorrer o itinerário dessa espetacular jornada terrestre, agora se transformara em um exórdio de lembranças e me colocou, instantaneamente, no módulo de expectador.
Descobri, também, nessa espetacular jornada, quantos obstáculos se apresentaram, com seus longos tentáculos, na intenção clara de represar as minhas andanças, principalmente quando se transformaram em paredes intransponíveis, com o firme propósito de impedir o avanço do meu itinerário existencial.
Por outro lado, quantas mãos se estenderam generosamente e me ajudaram a seguir em frente, rumando freneticamente no dorso do meu destino.
Aliás, muro e rumo são grafados com as mesmas letras. No entanto, ao aplicá-los em nossas vidas, percebemos o quão contraditórios e, ao mesmo tempo, significativos eles são.
Se o primeiro nos priva de ver a beleza que se instala além do horizonte, o rumo, por sua vez, se encarrega de descortinar essas barreiras, que teimam em esconder, por detrás delas, esses lugares idílicos ainda não experimentados, os quais se mostram potentes condutores na direção de uma nova descoberta nessa caminhada, onde, nesses mundos distantes, se apresentam como uma oportunidade de viver um novo cenário e poder explorar as mais belas aventuras que o mundo nos proporciona com o mais belo colorido na esteira desse roteiro magnífico.
Rabiscando com mais profundidade o texto que estou discorrendo, lembrei-me de um episódio interessante, o qual, ousadamente, me ponho a contar.
Era época de Carnaval e de tanto ouvir as marchinhas carnavalescas que invadiam os meus tímpanos e rolavam nas rádios difusoras da época, bem como nos altos falantes, dependurados nos postes dos fios elétricos, resolvi também fazer uma marchinha. Apesar do tempo passado, ainda trago na memória a letra e a melodia da minha primeira composição musical.
O texto foi escrito assim:
"Canaval tá bom,
até demais.
Vou pular três dias
e quero mais.
No primeiro dia,
Vou pular de Pierrot .
No segundo dia,
Vou pular com meu amor.
Vou, vou pular sim,
No terceiro dia de Arlequim".
Nessa composição, percebe-se nitidamente o ingrediente da inocência como parte integrante do texto. A inocência crivava as obras da época com o sal apetitoso do amor. A todo instante se esculpia um feixe de músicas carnavalescas, que capitaneava os cordões, repleto de foliões felizes, inebriados e agindo fora das amarras da vida.
Naqueles três dias e três noites, os acordes da felicidade criava um novo ritmo de vida. Todos saltitavam de alegria. As preocupações ficavam distante dos contornos dos cordões, aguardando, o momento certo, de dá o bote no folião, para devolvê-lo à realidade existencial, expurgando a anestesia que lhe fora aplicada no início das festas e, assim que findava o Carnaval, tudo voltava à normalidade. Apagava-se o eco daqueles dias fantasiosos que, de uma forma ou de outra, foram passageiros assíduos nos assentos dos ouvidos atentos daqueles que agora se tornaram ex-foliões.
E assim é a vida! Aliás, hoje usamos o termo: "vida que segue!"
A propósito, entregamos o melhor de nós mesmos, vivendo a vida no mais empolgante estado de espírito e, como tal, saímos dela, a bordo de uma estrela cadente, na perspectiva de uma existência eterna, vivida em outra dimensão e assim se passa a vida de uma hora para outra.
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Inspiração
Fazendo uma leitura do livro "Confissões" de Santo Agostinho e, guardadas as proporções, me senti encorajado de escrever um pouco sobre mim e, dessa forma, resolvi fazer um pequeno apanhado da minha incrível vida e compartilhar um pedacinho dela.
Sobre a obra
Tenho convicção que não domino nenhuma técnica para construção de textos literários.
No entanto, procuro estar trilhando sempre os ditames das regras gramaticais.
Sobre o autor
Após a minha aposentadoria, procurei preencher os meus momentos maravilhosos na construção de peças literárias.
Autor(a): JOSE BARBOSA SANTIAGO (Barbosa )
APCEF/SE
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