JUNTOS VENCEREMOS

JUNTOS VENCEREMOS

Reporto-me ao ano de 2001. Depois de meses treinando para o teste de aptidão física de um concurso público no qual havia passado nas provas objetivas e de aptidão psicológica, minha filha iria finalmente fazer a prova física que definiria o ingresso dela a um cargo na polícia civil.
As provas foram realizadas em uma universidade local, ao ar livre, e era possível assistir a todas as provas que ela iria realizar. Eu e minha esposa fomos participar desse momento tão importante da nossa filha.
Ficamos de longe olhando tudo que ocorria. Muitas pessoas, a maioria jovens na faixa de 18 a 25 anos, faziam diversos tipos de exercícios físicos e eram avaliados por profissionais que imediatamente definiam se os candidatos haviam conseguido fazer o mínimo necessário para ser aprovado no concurso. O clima de tensão naquele ambiente era enorme. A maioria dos candidatos sorria a cada fase que alcançava passava, no entanto, alguns passavam tristes e até chorando por não terem obtido o resultado esperado.
Nossa filha estava bem. Havia tido êxito em cada uma das provas iniciais e finalmente iria para a última prova que consistia em dar algumas voltas na pista de atletismo, em um tempo pré-determinado. Sem dúvida era a prova mais difícil de todas.
Sabendo o tempo a ser cumprido e a distância a ser percorrida, calculei quanto tempo seria necessário ela fazer a cada volta realizada. Cada vez que ela passava por mim eu verifica o tempo que ela havia realizado. Faltando alguns minutos eu comentei com minha esposa que nossa filha estava cansada e que chegaria na última volta com o tempo muito apertado. Até que chegou a penúltima volta e eu disse:
_ A próxima volta é a última. Ela está um pouco acima do tempo necessário por volta. Tem que aumentar o ritmo.
Vi ela iniciar a última e decisiva volta. Ao passar pela nossa frente, não pensei duas vezes e, de calça comprida, camisa e sapato social, comecei a correr ao lado dela, pelo lado de fora da pista. Uma grande grade de ferro nos separava. Eu corria olhando para ela e gritava:
_ Corra, Tati! Vai dar tempo. Vai...vai....corre, corre!
Já nos metros finais, um muro impediu que eu continuasse a acompanhá-la.
Parado do lado de fora da pista, e cansado, eu a vi cruzar a linha de chegada e alguns segundos depois ouvi o apito dos avaliadores dando como encerrado o tempo da prova. Ela havia conseguido. Voltei bastante emocionado para abraçar a minha esposa. Juntos, olhamos a nossa filha cansada, sentada na pista e recuperando o fôlego. Foi triste ver alguns candidatos chorarem por cruzarem a linha de chegada após o apito. Mas, vibramos com resultado dela.
Tomado de emoção com tudo que presenciei e fiz naquele local, esperamos ela chegar até nós, para abraçá-la e parabenizá-la por ter conseguido seu objetivo.
Aquele dia foi especial para nós. Alguns meses depois ela foi admitida. Hoje, em 2024, ela permanece naquele trabalho que tanto almejou. Casada, com dois filhos adolescentes, ela já conta o tempo que falta para se aposentar. E com certeza todos nós guardamos na memória aqueles momentos incríveis que passamos juntos naquela pista de atletismo.

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Inspiração

A vontade de ver minha filha alcançar seu objetivo.

Sobre a obra

A única técnica usada foi a emoção em descrever um momento inesquecível que tive com miha filha.

Sobre o autor

Sou aposentado da CAIXA desde 2015 e tenho como um dos hobbys escrever sobre o cotidiando de meus familiares.

Autor(a): CARLOS AUGUSTO BOHANA FILHO (BOHANA)

APCEF/SE