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O GENRO PREFERIDO
“Eu gosto da minha sogra deixa falar quem quiser. É minha segunda mãe, é mãe de minha mulher”. Assim dizia o trecho de uma canção dos anos 90, de composição de Manuel Ferreira e Ruth Amaral, a qual eu cantei em homenagem à minha sogrinha, apesar de minha voz desafinada.
Lembro que era o seu aniversário de 69 anos. E mesmo eu indo de encontro a todos os arquétipos criados desde que o mundo é mundo, em que os genros dificilmente se dão bem com as sogras, esta homenagem encheu o seu rosto de lágrimas de felicidade.
Esse carinho todo não é porque eu queria agradar a minha esposa. Na verdade, ele teve início desde a primeira vez que eu a vi, quando eu ainda estava em fase de namoro com minha esposa. Eu sempre digo que foi amor à primeira vista. Lembro bem que ela detestava posar para fotos, mas quando eu pedi, imediatamente ela aceitou com um sorriso lindo que não esqueço até hoje.
Porém, eu não imaginava que esse carinho todo entre nós fosse despertar ciúmes nos outros genros, ao ponto deles se juntarem para criar um plano para tentar macular o nosso relacionamento.
E foi justamente na comemoração do aniversário de 70 anos que eles botaram o plano em prática.
Eles ficaram sabendo que eu estaria viajando a trabalho, então eu não poderia estar presente na organização das homenagens. E assim, trataram imediatamente de pedir a minha contribuição financeira para a festa – cerca de 80% do valor total dos gastos - afirmando que eles iriam organizar tudo na minha ausência.
Fiz a transferência do valor, ingenuamente agradecendo a eles pela iniciativa em fazer tudo aquilo por mim. E assim, fiquei tranquilamente no meu trabalho, aguardando ansioso pelo grande dia.
No dia da festa, coloquei o meu melhor terno, cortei o cabelo e fiquei feito um príncipe para participar daquela festa que eu tanto aguardara. Afinal, eu imaginei que, no mínimo, os outros genros tinham separado no cerimonial, algum momento para que eu pudesse homenagear a sogrinha, considerando a minha robusta contribuição financeira.
Ao chegar no salão com a família, fui logo surpreendido na entrada, quando a recepcionista indicou que minha mesa estava reservada bem no final do salão, próximo ao banheiro e distante do palco.
Apesar de eu ter achado aquilo muito estranho, ainda dei um voto de confiança aos genros imaginando que não foi nada intencional.
Notei também que havia no palco, uma cadeira bem grande, feito um trono. Logo imaginei que seria para a sogrinha tomar assento, a fim de receber as homenagens. Ao lado dessa cadeira, havia mais três, as quais logo supus ser destinadas às três filhas da sogrinha, ficando assim, toda a família em destaque. Gostamos tanto dessa iniciativa dos genros, que eu e minha esposa decidimos nem mais reclamar sobre a localização da nossa mesa, quase ao lado do vaso sanitário.
Quando o cerimonialista anunciou que dentro de cinco minutos ia dar início às homenagens, minha esposa se apressou em ir ao banheiro para pentear os cabelos e retocar o batom. Afinal, uma centena de convidados estaria com os olhos atentos para o palco.
Após minha sogrinha subir ao palco e sentar em seu trono, nosso castelo desmoronou... Os próximos convidados a serem chamados ao palco foram nada mais, nada menos que o genro mais velho, sua esposa e filha. Ou seja, o safado usou todo o dinheiro que doei para se promover diante da sogrinha e de todos os presentes, fazendo de conta que ele e sua família é que estavam promovendo toda aquela festança.
Fiquei estático. Minha esposa só conseguia chorar, espumando de raiva. Depois que passou o primeiro impacto, a vontade que deu foi de pedir a palavra e gritar para toda a plateia sobre o que havia ocorrido, mas voltei atras lembrando que isso só causaria um enorme vexame na festa da sogrinha que amo tanto.
Em consideração a ela, tivemos que assistir tudo aquilo caladinhos e sem fazer absolutamente nada.
Esta história foi verídica e ocorreu com um amigo meu da Caixa Econômica. Ele disse que a saga continuou e que os genros tentaram outras manobras bem mais elaboradas. Porém só vai me contar no próximo Talentos Fenae ou se a Netflix comprar a série completa.
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Inspiração
Trata-se de uma história foi verídica que ocorreu com um amigo meu da Caixa Econômica. Seu amor imenso pela sogra trouxe problemas inimagináveis para ele e sua família.
Sobre a obra
Utilizei simples narrativa, buscando as informações e os sentimentos envolvidos diretamente com o amigo que me inspirou.
Sobre o autor
Gosto de escrever desde 14 anos, quando fiz meu primeiro conto. E o Talentos Fenae me inspira a continuar em frente.
Autor(a): FRANCISCO ALENILSON GIRARD DA SILVA (ALE)
APCEF/PA
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