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Tudo a mesma coisa
Tudo a mesma coisa
Era uma tarde comum em uma agência Caixa. O movimento era intenso, como sempre, e os clientes aguardavam pacientemente em filas organizadas. Entre eles, um senhor de meia-idade, com um ar de impaciência visível, se destacava. Quando finalmente chegou sua vez, dirigiu-se ao caixa com passos firmes e uma expressão resoluta.
— Boa tarde, senhor. Como posso ajudá-lo? — perguntou o caixa, com um sorriso profissional.
— Boa tarde. Vim receber o meu PIS — respondeu o homem, estendendo um papel amassado.
O caixa pegou o papel e verificou as informações, logo em seguida pediu um documento de identificação.
— Claro, aqui está — disse o senhor, entregando uma cópia de seu documento de identidade.
— Senhor, precisamos do documento original para realizar o pagamento — explicou o caixa, ainda sorridente, mas com um tom de quem já repetiu essa frase inúmeras vezes.
— Original, cópia, tudo a mesma coisa! — retrucou o cliente, já irritado. — Olha aqui, isso é o meu documento!
O caixa, acostumado com esse tipo de situação, manteve a calma e decidiu chamar a gerente.
— Um momento, senhor. Vou consultar a gerente.
Poucos minutos depois, a gerente apareceu, uma mulher alta e elegante, com um olhar que transmitia autoridade e compreensão.
— Boa tarde, senhor. Em que posso ajudá-lo?
— Esse rapaz aqui está dizendo que não pode aceitar a cópia do meu documento para fazer o pagamento. Isso é um absurdo! — reclamou o homem.
A gerente olhou para a cópia do documento e depois para o cliente. Com um sorriso discreto e uma ponta de ironia, respondeu:
— O senhor tem razão. Original e cópia são a mesma coisa.
O cliente, satisfeito por ouvir aquilo, esboçou um sorriso de triunfo.
— Vamos fazer o seguinte — continuou a gerente. — Para resolvermos essa situação de maneira justa, o caixa também vai lhe pagar com cópias do dinheiro. Afinal, original e cópia são a mesma coisa, não é mesmo?
O sorriso do cliente desapareceu instantaneamente. Ele ficou vermelho, sem saber o que responder. Olhou para o caixa, depois para a gerente, e percebeu a lição que estava sendo dada.
— Ah... bem... pensando bem... eu acho que posso voltar amanhã com o documento original — disse ele, meio sem graça.
A gerente sorriu novamente, agora de forma mais acolhedora.
— Sem problemas, senhor. Estaremos aqui para atendê-lo. Tenha uma boa tarde!
O homem saiu do banco, ainda um pouco confuso, mas ciente de que original e cópia não são exatamente a mesma coisa. As pessoas na fila, que haviam acompanhado a cena, começaram a rir discretamente. E a vida no banco seguiu seu curso, com mais uma história para contar sobre um dia comum de trabalho.
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Inspiração
A inspiração veio de uma situação cotidiana, comum para quem prestou 29 anos de serviços à Caixa.
Sobre a obra
Uma crônica bem estruturada que fiz uso inteligente da ironia, levando o leitor a uma conclusão inesperada e divertida. Com capacidade de transformar uma situação simples — como a de um cliente no banco — em algo cômico e, ao mesmo tempo, reflexivo, é notável.
Sobre o autor
Busquei um talento natural para criar essa envolvente, com uma dose de humor e uma reflexão sutil sobre situações cotidianas.
Autor(a): TITONY BARCELLOS PASSOS (Titony)
APCEF/ES
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