A SENHORINHA

A SENHORINHA

Estamos no mês de julho, período de temperaturas mais amenas, sol e muito vento aqui em Teresina, quando todo mundo quer aproveitar o tempo da melhor maneira possível e isso inclui uma ida ao litoral, mesmo que apenas para um final de semana.

Temos um belo litoral no Piauí, com excelentes pousadas e uma infraestrutura que melhora a cada ano. Eu e meu marido, ainda em junho, fizemos uma reserva na praia de Barra Grande, uma das mais requisitadas da atualidade.

Tivemos que pagar uma diária adiantado, o que me deixou um pouco estressada, pois os planos com horizonte temporal de um mês já soam para mim como longo prazo há algum tempo.

Chegado o dia da partida, arrumamos as malas pretendendo sair cedinho no sábado e ficar lá até a segunda feira, um pouco na contramão do corriqueiro, que é sair na sexta à tarde e voltar no domingo. Queríamos garantir uma viagem tranquila, rápida e sem muito tráfego.

Pegamos a estrada um pouco antes das nove da manhã, depois de tomar café e garantir a comida do gatinho até a tarde, quando uma pessoa viria repor. O carro já estava abastecido e os pneus calibrados, para evitar qualquer atraso.

Começamos a viagem de muito bom humor, conversando alegremente, quando já perto das dez horas meu marido olha pra mim e diz:
- Eita, esqueci de colocar as malas no carro.
- O quê, tá de brincadeira? Resmunguei.
- Eu juro, ficaram na garagem e você quase passou por cima, pois estavam do seu lado, ele disse.

Ainda sem acreditar, pedi para olhar o porta-malas do carro. Estava vazio. Pensei em seguir em frente, mas meu marido não concordou. Os transtornos seriam enormes, em especial por causa dos nossos remédios de rotina que estavam todos na mala, roupas de banho e tudo o mais.

Sem ter o que fazer, voltamos para pegar as malas e eu aproveitei para comprar mais um remédio na farmácia e pegar minha câmera fotográfica, que também tinha esquecido. Conseguimos sair novamente depois de onze horas.

A viagem foi tranquila, almoçamos uma galinha caipira num restaurante na estrada e chegamos um pouco depois das 16 horas na praia, com tempo suficiente para apreciar o por do sol tomando um vinho.

No dia seguinte, tinha muita gente no café da manhã. A pousada estava lotada e como oferecem alguns pedidos personalizados, quase todo muito aproveita para pedir o seu beiju ou o seu cuscuz do jeito preferido. Eu não me fiz de rogada e também personalizei alguns itens do meu café.

Como estava demorando muito, fui ao balcão reclamar. Daí a pouco tempo o rapaz que me atendeu apareceu com uma moça e disse, apontando para mim:
- Este é o pedido daquela senhorinha ali.

Eu fiquei desconcertada, chateada, arrasada. Nunca tinham me chamado de senhorinha. Eu mesma só uso esse termo para mulheres com mais de 80 anos e eu tenho apenas 63. (risos).

Tive vontade de soltar um palavrão para aquele moço saber com qual tipo de senhorinha ele estava lidando. No entanto, fiquei calada. O moço estava certo. Os acontecimentos da saída da viagem e todas as entrelinhas aqui não relatadas corroboram com sua fala.

Moral da história: uma SENHORINHA chegou aqui sem eu perceber.

Compartilhe essa obra

Inspiração

Uma recente viagem ao litoral do Piauí.

Sobre a obra

É uma pequena crônica narrativa/reflexiva.

Sobre o autor

Gosto de fotografar e escrever.

Autor(a): EDILENE MARIA MOURA FACUNDES (EDILENE FACUNDES)

APCEF/PI