- Página inicial
- Detalhe obra
DA CAIXA DE POEMAS
DA CAIXA DE POEMAS
I
Uai? Ué? Tchê!
Égua! Oxi! Vixe!
Guichês
Clichês
A senha olha-me
com a estranheza d’um chinês
figurinha de álbum,
nunquinha que termina
Tem a senha chiclete
Passa a régua Atendimento de escrete
Show de bola, pelé!
Há a mesmo a senha Love
por si mesma se move
Tenso, penso:
Gol do guichê 9
Cliente era um esnobe
Tela fundo azul
Volta logo
Tô lutando
Homem X Máquina
Luta fática
Maldição bisonha
Uma ervilha contra uma montanha
A fila forma um buraco negro
Dobra a esquina,
À distorce
Perene a fila se espreme
O tempo se contorce
Angústia - a atmosfera da espera paira –
Mas... Pera aí... Pára!
Guichê GG
Papa fila,
papa-léguas delas
Já é, sem esperas
Ouve-se um coro
Uma teofania
Um mantra-bordão
Vindo lá do coração:
- Meu Deus
Pelo amor de Deus
Nosso Deus!
Volata a tela azul Volta
Apps espocam como pipocas
Alívio
E outra luz imperiosa
rompe c’oa gasosa narcose
e o idílio da tela de vídeo
É o olhar de nossa gente
Pulsando no olhar de cada atendente
- Luz pungente –
N... Guichê , Gichê N
Gente que atende Gente
Clichês?
Uai? Ué? Tchê!
Égua! Oxi! Vixe!
II
Minhas vísceras exponho
Sobre a mesa de trabalho
vai ter início o estripe diário:
canetas, régua e o grampeador
prega grampo no tranco
presa da pressa
O crachá pesa
como uma bigorna
a colega erra, estorna
acerta, chama a senha ...
Então que venha.
Mais um
e mais um
e mais um
e mais um
Num frenético vai e vem
Olha o zum-zum-zum
É o bonde do Caixa Tem
O gerente estala no ar
O chicote de sua voz
- Tá me ajudando padrinho?
arrocha aí gente, vamos garrar!
O tempo ruge, o totem atroz
cospe mais uma senha
Para alguns um enigma
Aquele outro se embrenha
Andar acima. Alguém cisma:
Olha, estão furando fila!
Aqueloutro revela:
- Não, ela estava no Caixa
Não recebeu, ih, acho que moiô ...
Sou zoreiudo, ando de zoio em tudo
Agora só o gerente
Com sua patente.
E a espera é renitente e comove
Sentados, mas a fila se locomove
É a caixa de socorro do pobre
Criada, por um homem,
mais que imperador, um nobre
quer saber, que a gente
se orgulhe e se desdobre
no fundo é povo que atende povo
não há nisso nada de novo
que seja nela que a gente labora
com mais os parceiros da hora
neste sempre sem demora!
III
CORAÇÃO DE OURO
Sem nada falar
Foi ao penhor
Pro coração penhorar
- Cheio de dor –
Chegando lá
Na Caixa
No guichê Atrás do visor
Sem pena do seu ego
Foi dizendo logo
O sisudo Avaliador:
- Não vale um prego
Lata enferrujada
Não vale nada!
E num incontido pranto
Foi-se daquele antro
Compartilhe essa obra
Inspiração
A LABUTA DIARIA, A CAIXA E SEUS EMPREGADOS, OS USUÁRIOS. ERA PRECISO FALAR DO MEU QUINTAL.
Sobre a obra
VERSOS LIVRE, ALGUMAS RIMAS POR DENTRO. INFLUENCIAS DO RAP, MPB, MUITA LEITURA DE LITERATURA, POETAS, TEORIAS E VIVENCIA E UMA ABERTURA PARA O OUTRO
Sobre o autor
JÁ TIVE MUITOS GANHOS DE PUBLICAÇÃO, PREMIAÇÕES, FROFEUS, PUBLICAÇOES EM REVISTAS DE LITERATURA E LIVROS
Autor(a): ORLANDO PEREIRA COELHO FILHO (ORLANDO PEREIRA )
APCEF/MG
Obra não está disponível para votação.