O HOMEM E A NATUREZA

O HOMEM E A NATUREZA


Primeiro cortaram as árvores, em nome da expansão da agropecuária, pelo bem do país e do povo. Com isso deram espaço para a erosão destruidora do solo produtivo que perdeu a capacidade de promover a germinação das sementes.
Depois assorearam os rios com construção de barragens, sem que os riscos fossem avaliados com responsabilidade, a prática de mineração incorreta e a urbanização em áreas impróprias, causando gradativamente a morte do curso d’água.
A natureza respondeu com chuvas torrenciais desordenadas, destruindo bairros inteiros, plantações, matando animais, procurando mostrar que a vida depende de ações que não destruam o meio ambiente, mas o homem não entendeu. Partiu para as queimadas, insistindo em transformar áreas de preservação ambiental em redutos de criação de gado e outros produtos que exigem o desmatamento e a utilização de agrotóxicos.
A fumaça tomou conta do país, levando para os lares os mais diversos tipos de doenças no aparelho respiratório, principalmente nas crianças. Pesquisas mostraram que muito mais da metade dos focos de incêndio era de origem criminosa e, por incrível que pareça, surgiram os defensores, tudo em nome de um progresso que só traz destruição.
O desmatamento e as queimadas trouxeram para o campo a seca e a perda de imensas áreas plantadas. Tudo o que foi feito em nome da produção se virou contra ela e puniu o homem por seu crime contra a natureza.
Os noticiários revelaram a queda brusca da humidade relativa do ar e a subida vertiginosa da temperatura, obrigando a ingestão de mais e mais água por parte da população que, por sua vez, não dispunha de água potável e. muitas vezes, de qualquer tipo de água.
Rios secaram, peixes estão morreram à vista de pescadores e ribeirinhos que deles dependiam para a sobrevivência, grandes áreas produtivas se transformaram em deserto, mas havia assuntos mais importantes para serem debatidos. Falar da degradação ambiental não gerava lucro, nem manchetes nos noticiários.
O país gastou rios de dinheiro no combate aos incêndios e vai gastar na tentativa de recuperar o prejuízo causado pela ação do fogo. Esse dinheiro poderia ser usado no aprimoramento da educação, na ampliação do atendimento médico e no combate à criminalidade, mas há ações mais importantes que o atendimento à classe menos favorecida, decidem muitos.
Olhar para o céu hoje é ver sempre eclipse lunar, pois a fumaça não permite que a vejamos nosso satélite. Já não há sonhos, nem serenatas e as veredas brancas já não existem pois as cinzas tornaram-se mortalhas sobre os caminhos do sertão. O pôr-do-sol, antes alaranjado, hoje é vermelho como o sangue daqueles que morreram sob o efeito dos criminosos incêndios.
Infelizmente, para resolver esses problemas é preciso que a humanidade seja empática, reconhecer os problemas e procurar solucioná-los sem que seja um alimento para a ambição. O que vemos, no entanto, é que os homens somente são bons de dois em dois anos e por um tempo muito curto

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Inspiração

Vendo os problemas que estão assolando o globo sem que os administradores se preocupem em procurar uma solução.

Sobre a obra

Uma crônica criticando o relacionamento atual do homem com a natureza.

Sobre o autor

Gosto de escrever contos, poemas e romance (sete publicados). Venho sempre participando do Talentos e por conta disse já estive em Curitiba, Florianópolis e Aracaju.

Autor(a): ANTONIO VASCONCELOS PACHECO (A. V. PACHECO)

APCEF/PI


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