A expectativa é uma criação exclusivamente humana, uma prova de nossa capacidade única de projetar o futuro. Diferente dos outros animais, que vivem no aqui e agora, nós, humanos, temos a habilidade de imaginar o que ainda não aconteceu. Planejamos, antecipamos, idealizamos. E, com isso, também sofremos.

Essa capacidade de olhar adiante nos permitiu conquistar grandes feitos, mas, ao mesmo tempo, nos prende numa armadilha mental. A expectativa, quando não é acompanhada pela aceitação da incerteza, torna-se uma fonte constante de frustração. Como disse o filósofo Epicteto: “Não são as coisas que nos perturbam, mas sim as opiniões que temos sobre elas.” Ou seja, o sofrimento causado pela expectativa não vem da realidade em si, mas da diferença entre o que imaginamos e o que acontece.

A expectativa carrega o peso da antecipação e nos força a querer controlar o incontrolável. Tentamos prever reações, garantir resultados e determinar desfechos. E quando o universo, com sua leveza indiferente, segue outro rumo, essa distância entre o que esperávamos e o que recebemos se transforma em dor — uma espécie de traição que causamos a nós mesmos. Esperamos o que não temos, antecipamos o que talvez nunca venha. E, enquanto aguardamos, esquecemos de viver o presente, o único tempo que realmente existe.

Se a expectativa é uma forma de dor, o segredo da serenidade talvez esteja em aprender a soltá-la. Viver o momento presente com atenção e desapego, sem condicionar nossa felicidade a um futuro idealizado, é o caminho para evitar o sofrimento. Não se trata de abandonar os sonhos, mas de não nos apegarmos rigidamente a eles. A vida raramente segue os roteiros que escrevemos.

A verdadeira felicidade pode estar na leveza de quem solta o fio da expectativa e aceita o que vier com o coração aberto. Quem vive o presente de forma plena jamais se decepciona com o futuro. No fim, talvez essa seja a única expectativa que realmente vale a pena: estar em paz com o agora, sem carregar o peso do amanhã.