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Entre rios secos e cinzas ainda existe a resistência do caboclo.
A Amazônia arde, e o coração de quem a habita vai pegando fogo junto . Há dias em que o céu, antes azul profundo, se cobre de cinzas e fuligem, como se a floresta estivesse chorando, seus lamentos ecoando pelo silêncio dos rios que secam. A cidade toda coberta de fumaça faz o caboclo chorar. Na varanda da nossa casa em Parintins, o vento quente traz o cheiro da madeira queimada, um aviso cruel de que algo está morrendo. O caboclo do interior, esse personagem moldado pela água, pela terra e pela floresta, vê seu modo de vida ameaçado.
Os rios, que antes serpenteavam cheios e generosos, hoje são pequenos igarapés no mapa da sobrevivência. Sem o rio, não há pesca, não há transporte, não há vida. E o caboclo, que nasceu com os pés na terra firme, sempre viu o rio secar e encher todos os anos. Hoje ele se vê num dilema ancestral: lutar ou partir.
A água que vai sumindo é o reflexo da devastação que o homem tem feito nos últimos anos. A floresta, esse pulmão que nos mantém vivos, é queimada numa ganância cega, que transforma árvores e animais em cinzas. Cada árvore que cai é um pouco de esperança que se vai, cada animal que foge é um grito abafado pelo clamor das chamas.
E o caboclo, com sua sabedoria de gerações, resiste. Ele olha para o céu, para os ventos que trazem a chuva que não cai. Ele sabe ler a natureza como quem lê um livro antigo, sabe que a floresta ferida demora a se curar, mas também sabe que sem ela, não há nada. Também sabe que o Rio há de voltar a encher num novo ciclo de vida.
A sobrevivência, para ele, é um ato de resistência. Seus olhos são testemunhas do que já foi abundância e agora é escassez. Mas ele não desiste, porque a vida, como os rios, sempre encontra um jeito de seguir adiante. Mesmo que seja num fio d'água.
As queimadas, os rios que secam e o desespero que ronda são sinais de uma tempestade maior, uma crise que não afeta apenas o caboclo, mas o planeta inteiro. O futuro está em risco. E nessa luta, o caboclo segue, silencioso e firme, como a Amazônia que ainda respira, ainda luta, ainda vive.
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Inspiração
A preocupação com o que está acontecendo ao nosso redor com muita fumaça na cidade motivou a criar esta obra. A questão ambiental está ficando extremamente preocupante na nossa região. Muita queimada, rios e lagos secando e animais morrendo estão se tornando uma constante na Amazônia.
Sobre a obra
Obra baseada na realidade que estamos passando hoje em Parintins no interior do estado do Amazonas.
Sobre o autor
Gosto muito de participar do Talentos. Gosto de arte e sou muito fã desse evento.
Autor(a): IVAN NUNES MORAES DE MELO (IVAN MELO)
APCEF/AM
Obra não está disponível para votação.