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DESISTIR JAMAIS
DESISTIR JAMAIS
(Regina Guimmaraes)
Noite de sexta-feira quente para Verônica e Ulisses. Durante o jantar, muitas promessas, e a expectativa de uma longa noite de amor.
Parecia que a semana não teria fim. Ela, proprietária de uma empresa especializada na organização de eventos corporativos; e, Doutor em História da Arte e Especialista em Carnaval Brasileiro, muito solicitado para palestras, aulas magnas e feiras de artes e literatura, dentro e fora do Brasil. Casados há muitos anos, mas nem sempre juntos em virtude da incompatibilidade das agendas.
Algo de bom aconteceu. A empresa de Verônica foi convidada para organizar um Simpósio do qual Ulisses seria o âncora. Rumaram para Porto de Galinhas, em Pernambuco. O Salão de Convenções de um hotel cinco estrelas foi selecionado para o evento. Verônica e Ulisses reservaram a melhor suíte para se hospedarem, de frente para o mar. O grande sonho de ambos, encontrarem-se naquele templo, à sós, e dedicando-se um ao outro; fazer amor, lua cheia e a calmaria do mar a embalar. Quando estes momentos raros aconteciam, eles gostavam de extravasar seus fetiches.
Naquela noite de sexta-feira, jantar de encerramento do Simpósio, comemorações e abraços de despedidas. A maioria dos participantes, no dia seguinte, retornaria às cidades de origem. Final de semana perfeito para o casal, sem compromissos. Verônica e Ulisses foram para a suíte que reservaram e começaram a trocar as roupas e colocar as fantasias que haviam comprado especialmente para o momento. Já era bem tarde da noite. Ulisses foi para fora do apartamento a fim de fazer uma entrada triunfal e encantar a amada. Ouviu movimento no elevador, tentou voltar para a Suíte, a porta bateu e fechou. Era um grupo de escoteiros que se hospedara no mesmo andar. Correr pra onde? Se ficasse ali, poderia parecer suspeito. Vestido de Zorro, ergueu o braço, pôs a capa sobre o rosto e, passando pelo grupo compassos que eram uma mistura de toureiro e dançarino de tango, seguiu em direção às escadas. Quando os escoteiros passavam em frente ao apartamento 1008, saiu Verônica procurando Ulisses. A mulher estava com espartilho preto, bordado com paetês vermelhos, liga elástica preta na perna direita, uma rosa vermelha nos cabelos e mais nada. Ela, assustada, gritou ao ver os jovens, e correu para dentro do apartamento. Os escoteiros foram para suas acomodações, e, às gargalhadas. Outros hóspedes apareceram para ajudar, caso necessário, mas nada viram.
O susto fez parte do fetiche, e namoraram até os primeiros raios de sol. O casal tratou de arrumar as malas e sair do hotel antes que os primeiros hóspedes aparecessem para o café da manhã. Imagine encontrarem com aquele grupo de escoteiros.
E assim, retornaram. Em casa, aguardariam nova chance. Desistir do fetiche, jamais.
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Inspiração
A vida como ela é. Crônica para ler e ficar feliz.
Sobre a obra
A vida como ele é.
Contar algo sobre o dia-a-dia e conduzir o leitor até o final em expectativa.
Sobre o autor
Nasci, vivo e trabalho na cidade do Rio de Janeiro. Bacharel em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Sou uma artista versátil e em meus trabalhos depositos toda a alegria de viver. Poeta, cronista, contista e alio as arte visuais à literatura. Uma mulher que vive seu tempo com vitalidade e competência.
Autor(a): REGINA CELIA MUNIZ GUIMARAES (Regina Guimmaraes)
APCEF/RJ