Talentos

Os medos de Anastácia

Os medos de Anastácia

Anastácia, uma linda e meiga menina
Adorava na sala da sua casa brincar
Inteligente, faladeira, criativa e Corajosa
Nas paredes da casa gostava de desenhar.

Porém, certo dia, ao se preparar para dormir
Um medo, do nada, começou a aparecer
Ela pulou na cama, abraçou seus bichinhos
E ficou quietinha, observando sem se mexer.

Correu os olhos por cada canto do quarto
Sombras escuras começavam a circular
Então, ela viu monstros grandes e feiosos
Debaixo da cama, armários, em todo lugar.

A partir daí, dormir virou uma peleja.
Sua mãe tinha que no quarto dela ficar
E contar histórias até a menina cochilar
Para poder se retirar e a porta fechar.

Um belo dia, a amada vovó Lucrécia
Costurou para sua pequena princesa:
Um lindo par de pantufas engraçadas,
Deixando-a feliz com aquela surpresa!

As pantufinhas eram de cor laranja
E tinham a carinha de leão valente.
Anastácia tirou-as da enfeitada caixinha
E ficou admirando-as ali, na sua frente.

Fascinada com seu belo presente,
Calçou-as e foi até seus pais para mostrar,
Caminhando sem pressa e pisando devagar,
Para as pantufas queridas não sujar.

A noite chegou e ela já estava dormindo,
Mas algo muito estranho a fez acordar:
– rerrc...! Rerrc... Rerrc...
Eram arranhados, e ela se pôs a escutar!

No seu esconderijo, debaixo do cobertor,
Ela via os monstros chegando, voando,
Andando, rosnando e mostrando os dentes.
Acreditava que eles a estavam procurando.

Mas, no meio de toda aquela inquietação,
Ela ouviu vozes a lhe chamar:
– Anastáciaaaa... Anastáciaaaaa...
Tremendo, não podia responder, nem falar.

– Anastáciaaaaa... Grrrrrrrmmmmm...
Aparece aí! Onde você está?
Queremos ver você,
Queremos lhe falar!

E o medo foi crescendo... Crescendo...
E ela suava, como se estivesse com calor.
Seu Coração, acelerado, batia tão forte
Que mais parecia um enorme tambor.

Mas a voz chamou seu nome novamente
E ela se ajeitou para, da cama, poder olhar.
O que viu a deixou mais intrigada:
As suas pantufinhas estavam a lhe acenar!

Sem acreditar, Anastácia ficou olhando
As pantufinhas chamando lá do tapete;
Alegres, elas giravam e faziam piruetas,
Querendo lhe entregar um enorme bilhete.

Timidamente, Anastácia pegou o bilhetinho
E abriu, desconfiada, para ver o que era.
Nele, estava escritos em garranchinhos
Os nomes de todos os medos dela.

O bilhete dizia: “você tem muitos medos
E anotamos um bocado deles nesta relação:
Monstros, fantasmas, homem do saco,
Chuva, trovão, escuridão e bicho-papão.

Por isso, queremos ajudá-la
A ser muito forte, que nem os gigantes.
Vencer esses medos e espantar o terror,
Botar para correr esses monstros arrogantes”.

– verdade? Vocês podem me ajudar?
– claro, temos uma estratégia infalível.
Se você nos ouvir vai logo aprender,
E ficar poderosa, forte, indestrutível!

Ela perguntou como se chamavam:
– me chamo Cora, bonita e charmosa!
– e eu me chamo Gem, um gentleman,
E para a princesa eu trouxe esta rosa.

– obrigada Gem, mas como vou ficar forte?
– fácil, fizemos essa estratégia só para você:
Quando o medo chegar, calce as pantufas
Que a sua CoraGem vai aparecer.

Pegue o borrifador e segure bem firme
E se prepare para com ele borrifar
Monstro tem medo de ser borrifado,
Então a gente aproveita para eles assustar.

– você borrifa e a Cora ataca pelo lado esquerdo
E eu, Gem, mais forte, ataco pelo lado direito.
Bichos grandes e pequenos fogem, apavorados,
Quando fazemos cara feia e estufamos o peito!

Então, Anastácia ficou muito animada.
Juntou toda a sua numerosa bicharada
De pelúcia, apresentou-a a Cora e Gem
E montaram estratégias até de madrugada.

No dia seguinte, se reuniram
Para construir um quartel de guarda
Com toalha, roupas, sandálias e sapatos
E seus amigos fizeram uma grande lombada.

Quando a noite chegou e Anastácia foi dormir,
Os monstros voltaram a aparecer.
Imediatamente, ela calçou Cora e Gem
E, juntas, botaram todos para correr.

Amanheceu e Anastácia logo correu
Para na sala e na varanda brincar.
Mas, de repente, uma sombra escura
Por perto dela começou a passar:
Vummm... Para lá... Vummmm... Para cá.

Assustada, ela percebeu que o monstro
Ficava a lhe imitar: se ela levantasse, ele levantava;
Se ela se sentasse, ele também sentava;
Se ela andasse, ele também andava.

Então, ela correu para o quarto,
Pegou as pantufas e começou a falar:
– tem bichos escuros ali na sala,
Me seguindo e querendo me pegar!

E as pantufas responderam:
– vamos, não perca tempo, venha nos calçar!
Pegue o borrifador e, vamos rápido caçá-los.
Desta vez, nós é que vamos pegá-los!

Já calçadas as pantufas, elas seguiram juntas
E, na sala, começaram a procurar.
As pantufinhas valentes rugiam, dizendo:
– seu monstroo, cadê vocêê? Vamos lhe pegaar!

E o monstro ficou escondido
Atrás do armário, com medo de apanhar.
Olhou para Anastácia e as pantufas
E, assustado, fugiu para nunca mais voltar.

Outra vez, enquanto Anastácia dormia,
Um barulho forte no céu a acordou.
Tremendo, ela calçou as pantufas
E, no mesmo instante, se acalmou!

As pantufas disseram para ela:
– fique tranquila, controle aí esse medão.
Isso que acabou de acontecer
Foi apenas um grande trovão!

E Anastácia perguntou às pantufas:
– o que é, então, o trovão?
Elas responderam que era o som
De duas nuvens num encontrão.

Isso acontece quando as nuvens
Estão brincando de fazer chover.
Aí elas escolhem os lugares para molhar
E correm, para de água se encher.

Depois que elas ficam bem inchadinhas,
Correm para molhar os lugares escolhidos.
Apressadas, esbarram umas nas outras,
Fazendo um barulhão que dói nos ouvidos.

Então, Anastácia perguntou:
– o que era, então, aquele bonito clarão?
As pantufas responderam que eram os relâmpagos
E os raios, produzidos no encontrão.

O encontrão gera faíscas elétricas,
Produzindo raios e fazendo aquele clarão.
O clarão são os relâmpagos e as faíscas são os raios
Que saem das nuvens direto para o chão.

Eles podem ser bonitos, mas são perigosos.
Não são bonzinhos e nem engraçados;
Eles podem ferir e machucar feio!
Mas não precisa ter medo, é só ter cuidados!

Observe que, quando estiver relampejando,
Não se deve pegar em metais nem em celular;
Não tomar banho de chuveiro, nem abrir torneiras,
E nem se deve sair na chuva para brincar.

Também não se pode ficar na água e nem
Debaixo de guarda-sol ou de árvores,
Porque o raio gosta de cair nesses lugares.
Dentro de casa e dentro de carros é mais seguro.

Em último caso, para escapar dos raios,
Evite deitar estirado, mas sim ficar abaixado
Com a cabeça entre os joelhos,
Em posição de caracol, enrolado.

Também se deve fugir de morros, locais altos,
Porque o raio é uma descarga elétrica de queimar
E, quando ele está caindo na terra,
Quer os lugares e as pontas mais altas para chegar.

Depois da explicação, perguntaram à Anastácia:
– e então? Ainda está com medo agora?
– não, o trovão parou, a chuva passou
E os meus medos foram embora!

– viu? – falaram Cora e Gem, querendo explicar:
– é preciso saber que o medo
Faz parte da nossa imaginação.
Mas ele tem um papel muito importante em nossa vida:
Nos alerta do perigo, é nossa autoproteção!


E foi assim que Anastácia conseguiu
Vencer os medos com essa solução engenhosa:
Calçando as pantufas Cora e Gem
Para, imediatamente, se sentir Corajosa!

Depois que ela cresceu, outros medos
Começaram a querer aparecer.
Então, ela se lembrava das pantufinhas
E aí levantava a cabeça e começava a dizer:

Pé esquerdo: Cora,
Pé direito: Gem.
Nunca mais eu vou ter medo:
Com CoraGem,
Monstro aqui não vem!

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Inspiração

A inspiração para escrever este conto foi baseada nos medos que são tão comuns no universo infantil, medos pelos quais eu passei e que minha filha também passou durante a infância. Pensei em colocar no papel esses medos e escrever uma história de forma lúdica para ajudar as crianças a vencê-los.

Sobre a obra

O conto "Os medos de Anastácia" conta as aventuras de uma pequena e Corajosa menina que, de repente, descobriu que estava com medo de: monstros, sombras, escuridão, chuva etc...
Certo dia, ela ganhou um presente de sua avó e, com ele e sua engenhosa imaginação, descobriu uma forma inusitada de enfrentar e vencer seus medos.

Sobre o autor

Sou aposentada da Caixa, tenho 60 anos, e meu maior hobby sempre foi escrever. Desde pequena, sempre trazia comigo um caderno de bolso para anotar detalhes quando batia a inspiração. Após a aposentadoria, coloquei em prática meu lado escritora e participei de alguns concursos, dentre eles o Talentos Fenae, que ressignificou minha vida.

Autor(a): VERONICA DA SILVA GALVAO (Veronica Galvão)

APCEF/AL