Me desculpe o exagero
Quando de herói eu te chamo
Me deste a vida
Me deste um nome
Me incluiu nos seus planos
Planejou meu futuro
Me ensinou a sorrir
E toda vez que eu caí
Você seguiu me ensinando

Foi difícil, reconheço
Pois da infância eu me lembro
Fui um menino travesso
Pé descalço, roupa suja
Parecia ao avesso

Já maior, lá pelos quinze
É que veio a frustração
Nota baixa, sempre longe
Só sabia dizer não
Hoje sei, e com lamento
Que o pior sentimento
É a tal da ingratidão

Me desculpe, meu pai
Não era por querer
Naquele tempo nada sabia
Da vida, de viver
Se pudesse no tempo voltar
Eu faria, sem hesitar
Só para escutar você

Já adulto abri os olhos
Porque a vida me obrigou
Fui pai cedo
Nicole chegou
E em seguida
Quem diria
Uma surpresa de nome Letícia
Minha vida transformou

Nossa, como foi dureza
Mas você lá, sempre do lado
Duro, reto, fortaleza
Obrigado, pai amado
Hoje rezo de joelho
Agradeço por você
Meu pai, meu amigo
Sempre foi o meu espelho

Esse ano tem sido difícil
Mas tudo isso vai passar
Lembro bem daquele dia
Que tivesses que ligar
Me chamando com urgência
Me falando com prudência
Para não me magoar
Da doença repentina
Que mudou nossa rotina
E te fez desanimar

Mas te digo, pai querido
Que tudo vai ficar bem
Acredite na medicina
Tenha fé em Deus também
Não sintas medo, sintas orgulho
És uma pessoa abençoada
Sua história, sua família
E as coisas que fizeste em vida
Para sempre serão lembradas

Você sempre estará conosco
Pode acreditar em mim
Porque, pai,
Pra quem tem fé
A vida nunca tem fim!