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UM NOVO OLHAR SOBRA A VIDA
UM NOVO OLHAR SOBRE A VIDA
Ontem fiz algo que há muito não fazia. Sentei-me em um banco da praça e fiquei observando os prédios, os carros e as pessoas. Percebi que a correria do dia a dia, toldaram-me os olhos; e quantas coisas belas e interessantes deixei de ver.
Encantei-me com a convivência harmônica da arquitetura moderna dos edifícios com os sobrados de fachada antiga, surpreendi-me com o número de carros que passavam a cada segundo a minha frente... Então deixei de observar o concreto e o metal, e passei a observar as pessoas.
Comecei a olhar para as pessoas não como uma carcaça de 600 músculos e 206 ossos; tentei ver seus sentimentos mais íntimos e inescrutáveis, comecei a analisá-las como se estivessem em um divã, em frente a um analista: Eu.
Vi o rosto cansado de um homem rude, dentro de um ônibus lotado, vi no seu semblante a satisfação de mais um dia vencido e a triste lembrança de que o amanhã será igual ao hoje, para ele os dias só mudam de nome, ou número.
Vi um garotinho diante da vitrine de uma loja de brinquedos, vendo seu sonho através de um vidro; isso cortou meu coração de pai e me remeteu à infância. Vi uma moça com muita vaidade e pouco dinheiro experimentando calçados pelo simples e efêmero prazer de vê-los nos pés; vi um vendedor desolado, ávido por um freguês que lhe garantisse parte do aluguel.
Vi um casal de mãos dadas, pude ver a infidelidade nos olhos daquele homem entediado de um relacionamento monótono. Mais à frente, outro casal: Agora de jovens em plena puberdade, andavam fortemente abraçados, ora paravam olhando alguma vitrine, ora entravam em alguma loja, mas sempre abraçados; e abrasados. Culpa dos hormônios.
Vi também uma moça feia se achando bela. Andava de nariz em pé e remexendo os finos quadris, atraindo olhares e comentários irônicos. Vi também muitas moças bonitas: morenas, loiras, negras, lapidadas à mão, tudo na medida e no lugar certo.
Vi um policial arrogante multando um motorista ingênuo. Nada contra a multa, e sim contra a arrogância. Vi uma ambulância apressada tentando chegar na UTI antes que a morte. Não teve êxito, mais uma vez a morte venceu; o tempo é seu aliado.
De repente ouvi uma buzina; era a minha carona. Entrei no carro, fui para casa e voltei a minha rotina. No dia seguinte, novamente a correria, horário apertado, passos largos, a vida passando rapidamente; e mecanicamente. Bem diferente da vida vista de um banco da praça, carregada de sensibilidade e emoção.
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Inspiração
Um dia esperando minha carona comecei a observar tudo em volta.
Sobre a obra
Descrevi fatos do cotidiano usando uma linguagem poética.
Sobre o autor
Sou Matemático, mas amo as palavras.
Autor(a): EDIO WILSON DE SOUZA SANTOS (Pena D'ouro)
APCEF/ES
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