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FLORBELA MEQUETREFE
OS 15 MINUTOS DE FLORBELA MEQUETREFE
“È comido por João um livrinho trazido do céu”. (Ap. 10.14.)
[22h00 > AP.11.1< ]...
Em ponto. Inexoravelmente em ponto, marca o relógio atômico da Faculdade Or Not Tupy – Campus 17. Florbela Make Trifle, necrófila passional, súbito passa de vagar desfilando no seu possante Honda preto, prá delírio lírico pornô de pupilas exauridas por toneladas de teorias apopléticas que não explicam mais ninguém.
[22h01min > AP.12.1.13.2 < ]...
Honda preto, painel de avião, teias de aranhas aplicadas no pára-choque prateado. Encarnação da loira do banheiro, da mulher de algodão. Em seu primeiro ano da Faculdade, em seu primeiro faz de conta. Aos vinte e sete, violentos desejos espocando pela carne branca, sufocado nas malhas apertadas, estrangulado por corpete de escamas de dragão, escamas de dragão! Escamas afiadas qual navalhas que laceram ao menor olhar, que rasgam ao menor contato... O coração de nerds consagrados e bad boys descolados. Florbela Make Trifle. A de lascivas castigadas, drapejada de hematomas tatuados descolados nos encontros clandestinos. No bate e bate escondidinho dos carros de canalhas carentes, cretinos rapagões de motos envenenadas, covardes canalhas casados, punks da demência mega controlada. Ela a escolar da paulera punk cultivada em camas de motéis mofados. Barbie contrabandeada da Bolívia em dildo gigante Cyberskin, como santinha embutida em vela de macumbas esotéricas. Seu suvenir, seu amuleto, predileto. Acendeu? Queimou? Derreteu? Foi o fim. Florbela a da luxúria estapafúrdia cercada de pancadaria camuflada, de estivadores da Sociologia imaculada e sem firulas, atropelada por antros e pélagos exóticos de lugares escondidos no campus da Faculdade Or Not Tupy.
[22h5min > AP.13.11.14.9 < ]
Make Trifle, Florbela, com suas cedilhas catastróficas e seu português caótico, mostra seus troféus, seus íntimos roubos de consortes, espúrios raptos súbitos de livros, tomados na mão grande, dando uma quinta nos otários. Na mão grande! Deixando nas saudades intelectuais metidos a Clark Gable e Lawrence das Arábias. Florbela a de cabelos amarelos, a de cabelos escorridos de KY. Montada por maquiagem gótico-barroca, traveca à La Bardô, que irá esmigalhar seus sonhos de amor, seus sonhos bordos. Bonequinha, Bibelô da Babilônia, esperteza descolada purpurina, rainha sucateada de tronos de bidês amarelados, com seus cetros de duchinhas cromadas degrade. Ao passar deixa metros do meio fio exalando à cedro recendendo das axilas depravadas, axilas depravadas como asas depiladas, súcubo selvagem na voltagem suga sonhos. Suas unhas roxas, tenazes no peito dos rapazes medonhos, dos lorpas, dos pascácios, dos pipocas pitbull. Vernissage psicodélica, sarau voodoo, ice e rum nos olhos rubros como um sol crepuscular sangrando no fim da tarde.
[22h08min > AP.15.4.16.3.4 < ]
Florbela Make Trifle a de aura de giletes e navalhas, olhares de Bride of Chuck, ombreiras de celulares confidenciais com seus colares de arames farpados e veias estouradas. Quem da mais na planilha de notas escolares? Quem dá mais? Por sua alma de lâmina, seu coração de cavas caóticas, suas risadas de carros envenenados, lusco-fusco? Artimanhas de aranhas descendo pelos seios e meias de seda, sexo de corvéias e camas vibratórias de lençóis de puxadinhos, mentiras compradas nas boutiques da infâmia, dos orgasmos desviados do bazar do faz de conta, de lupanares lunáticos e alvejados e limpinhos, por água santa sanitária de Lindóia, em frascos de vidrinhos de perfume Scarlett, Scarlett Cacharrel!
[22h10min > Ap. 17.4.5.6 < ]
Florbela Make Trifle a salpicada por serpentes e confetes num canavial de esqueletos fervorosos e bonecos de Olinda estilizados. De campana, a espreita, na próxima sala de aula, tão bacana, na próxima esquina lhe abocanha, embaixo de uma árvore de camisinhas penduradas feito vagens. Florbela Mequetrefe a de Romances mafiosos e performances contrabandeadas de internets piratas com seus segredos de garagens...
[22h15min > Ap.18.8.9.10.11 < ]
Marca agora o relógio atômico da Or Not Tupy
Ao longe, no portão de saída, agora só se vê o prateado do pára-choque do Honda preto de Florbela, vai sumindo aos poucos como o gato de Alice. Vai deixando para trás um sorriso de aparelho ortodôntico afiado, sinistramente suspenso no ar...
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Inspiração
Mitologia, Apocalipse de Joao, Fausto Fawcet - Santa Clara Poltergeist (livro e músicas)
Sobre a obra
Uso de intertextualidade. De Imagética, analogia, palavras valises. Uma personagem Lilithiana. Inclusive, para espanto, o contador de palavras registra 666 palavras usadas com o titulo e epígrafe e referencias À cap. do Apocalipse. '
Sobre o autor
Trabalho limado com esmero. Muita leitura. Vivencias-capturas. Olhar o outro e seu tempo. Engajamento no mundo. Hiper permeabilidade aos dilemas atuais, às lutas sociais do País.
Autor(a): ORLANDO PEREIRA COELHO FILHO (Naur Conejo)
APCEF/MG