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(Sobre)vida
(Sobre)vida
Nunca tenho uma moeda que dar aos pedintes nos sinais
Nem aos vendedores de trufas
Nem aos limpadores de para-brisa,
Que quase encostam indicador e polegar
Implorando migalha.
Nem aos dançarinos
Nem aos gaitistas
Nem aos palhaços
Ou aos malabaristas,
Ainda que usem pernas de pau
E malabares em fogo.
Nem aos calouros sujos de tinta
Nem aos poetas
Tampouco aos caratecas
Nem às causas nobres das pastorais.
Longe da sinfonia de buzinas,
Uma lagartixa me acena positivo.
Pássaros cantam fracamente uma música que não para
Mim.
Apenas desmaio na cama,
Cabeça desencontrada,
Pés amordaçados em tênis velhos,
Boca ressequida.
Preciso de um copão de água
Encaroçada para manter minh’alma
Num cabide.
Até quando?
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Inspiração
Esta poesia foi escrita no período crítico da pandemia. Andando no trânsito, via cada vez mais pedintes nos sinais. Aliando esta mazela social ao desespero das pessoas que estão em rotinas robotizadas, vivendo o paradoxo de vender a vida para poder ganhá-la.
Sobre a obra
São como versos em forma de listas. A começar por listar as pessoas que passeiam pedindo um trocado entre os carros. Findando na lista não listada, de remédios (são tantos que encaroçam a água) que é preciso tomar para permanecer de pé.
Sobre o autor
Sou Daniel Mendes Barreto. Natural de Fortaleza, Ceará. Sou formado em Administração de Empresas pela UECE. Pós-graduado em Escrita e Criação pela Unifor. Trabalho na Caixa desde 2011.
Autor(a): DANIEL MENDES BARRETO (Daniel Mendes Barreto)
APCEF/CE
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